Aumento de crianças deixadas nos hospitais preocupa; casas de acolhimento estão lotadas
Os
pedidos de acolhimento de bebês abandonados em maternidades da Capital
tiveram um aumento de 300% entre 2011 e 2012. O levantamento do Núcleo
das Defensorias Públicas da Infância e Juventude (Nadij) - vinculado a
Defensoria Pública Geral do Estado - mostra que, enquanto em 2011 foram
três os pedidos de acolhimento, ano passado estas solicitações saltaram
para 12.
A
Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) está entre as unidades
que mais solicitam ao Nadij, vinculado à Defensoria Pública, o
acolhimento de bebês abandonados. O HGF e os Gonzaquinhas também figuram
nesta lista Foto: Rodrigo Carvalho
Até ontem, o Nadij
contabilizava quatro pedidos desta natureza, somente neste ano. Os
números preocupam, porque demonstram um aumento gradativo desta
situação, e, além disso, as casas de acolhimento da Capital encontram-se
superlotadas.
"Temos cinco unidades que acolhem bebês em
Fortaleza, no entanto, apenas duas estão equipadas com berçário para
atender recém-nascidos. E, desde outubro de 2012, estas estão lotadas",
alerta a supervisora do Nadij, Julliana Andrade.
Ela explica que,
normalmente, o abandono se dá quando, após o parto, o recém-nascido tem
a necessidade de permanecer por mais tempo nas maternidades. "É aí que
ocorre, pois as mães ao receberem alta médica vão embora e não voltam
para buscar seus filhos".
O ato, mesmo que os bebês ainda não tenham sido registrados, já configura-se como um crime de abandono.
Dentro
deste contexto, ela chama a atenção para necessidade de se dialogar e
discutir a criação de um programa de atendimento das mães que desejam
doar seus filhos, "assim como ampliar o número de vagas em entidades
adequadas a acolherem estas crianças e adolescentes", ressalta a
supervisora.
A situação também busca a atenção das autoridades e
entidades que atuam direta ou indiretamente na área. Isso, porque existe
a necessidade de trabalhar a família, e assim reverter esta situação.
"Estas
mães, por não terem condições de criar seus filhos, os abandonam, elas
já chegam na maternidade negando a criança. Porém, não tem para onde
serem encaminhadas e atendidas para que seja possível reverter a
situação", avalia.
O restabelecimento familiar destas crianças,
mesmo que em uma família substituta (como tios e tias), é um dos
principais objetivos das casas de acolhimento. Não sendo possível elas
serão submetidas a um processo de destituição do poder familiar e,
somente no fim do processo, é que estarão aptas a adoção.
"Se
este período for muito demorado, mais complicado será dar um direito a
convivência familiar a esta criança. Por isso, a importância do diálogo
com as entidades que atuam direta ou indiretamente com a temática",
explica Juliana.
Entre as unidades que mais solicitam ao Nadij o
acolhimento destes bebês figuram-se o Hospital geral de Fortaleza (HGF),
Gonzaguinhas, Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e conselhos
tutelares.
Ela informou, ainda, que Fortaleza possui uma média
480 a 500 crianças e adolescentes em abrigos, o que considera um número
alto. "É preocupante, tendo em vista que eles não estão ali privados de
sua liberdade por praticarem algum ato infracional, mas, sim, porque
estavam submetidos a uma situação de vulnerabilidade total", analisa.
Audiência pública
Em
meio a situação crescente de abandono de crianças, a Defensoria Pública
Geral do Estado do Ceará (DPGE), por meio do Nadij, vai realizar
audiência pública na próxima segunda-feira, 18 de março, na sede da
DPGE, sobre "a situação de recém-nascidos abandonados por suas genitoras
nas maternidades de Fortaleza e a consequente falta de vagas em
entidades acolhedoras da Capital".
POR: THAYS LAVOR - REPÓRTER
Extraído do http://diariodonordeste.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário